A relação médico paciente é parte fundamental de um bom atendimento. Sem a confiança que se estabelece entre o/a profissional e o paciente, ficamos somente com um atendimento mecânico, voltado para sintomas e doenças, não para a pessoa. No caso do pediatra, o vínculo de confiança deve se estabelecer com a criança, e seus pais, eventualmente incluindo os avós. O pediatra se relaciona com a família e não só com o indivíduo que ele examina.
Nem sempre podemos escolher nossos pediatras. Muitas vezes somos obrigados a nos consultarmos com o profissional que está de plantão ou trabalhando no horário em que precisamos. Isso ocorre principalmente nos atendimentos públicos, emergências, mas também em algumas clínicas privadas em que não se escolhe o pediatra que vai nos atender.
No entanto, se pudermos escolher o profissional pediatra que vai nos atender, aqui vão algumas sugestões:
– antes de ser atendido, busque referências do profissional. Converse com alguém que já foi atendido por ele ou ela.
– descubra se o profissional resolveu ou encaminhou de forma adequada o problema de saúde da criança que foi atendido por ele/ela;
– pergunte sobre quanto tempo dedicou ao atendimento, se parecia apressado ou não, se colheu uma história detalhada e fez um exame físico minucioso.
– investigue sobre a quantidade de exames de laboratório que foram pedidos. Fique com um pé atrás com profissionais que pedem muitos exames, para situações aparentemente simples, principalmente se a consulta foi rápida. Exames complementares não substituem uma história detalhada e um exame físico bem feito.
– procure saber mais sobre como pensa o pediatra com relação ao aleitamento, desmame, desfralde, dificuldades com o sono, pirraça etc. É importante que seus valores a respeito destes e outros temas estejam, de alguma forma, alinhados com os do pediatra.
– pergunte sobre a personalidade e estilo do pediatra. Se você é uma pessoa que gosta de decisões participativas, seria desastroso escolher um pediatra mais impositivo ou que use mais sua autoridade médica. Por outro lado, se você prefere delegar ao pediatra as decisões de prescrição, ficaria muito desconfortável se fosse estimulada a opinar e participar do processo decisório.
– busque informações sobre a pontualidade do pediatra. Emergências acontecem, mas são a exceção. Ser pontual é uma forma de respeito pelo paciente.
– a agenda do pediatra é sobrecarregada ou é possível se marcar uma consulta dentro de um prazo razoável?
– o endereço do consultório, apesar de não ser um determinante na escolha, pode ser importante. Um pediatra que atenda muito longe de onde mora ou cujo consultório seja de difícil acesso, pode ser um barreira para sua escolha.
– finalmente, questione sobre o consultório, aparência, organização e limpeza.
– quando for se consultar, avalie a forma com que é recebido (a). Verifique se a secretária é cortês, educada e presta atenção em você ou se simplesmente, se limita a preencher fichas de forma burocrática. Caso haja um atraso, a secretária lhe avisou e deu uma explicação?
– avalie a organização e limpeza do consultório. Isto não indica se o pediatra é competente, mas sinaliza o quanto ele/ela está preocupado (a) em acolhê-lo (a) no seu lugar de trabalho.
– durante a consulta, perceba se o pediatra é atencioso, faz perguntas, quer saber mais detalhes ou se está impaciente, acelerando a consulta.
– perceba se o exame físico é completo e minucioso ou simplesmente se limitou a examinar especificamente o que você relatou. O pediatra foi carinhoso ou cuidadoso ao examinar seu filho? Se a criança já é maior, ele/ela explicou o que iria fazer durante o exame? Numa consulta de revisão, o exame físico naturalmente pode ser mais objetivo e focado na queixa.
– o médico lhe transmitiu confiança técnica, lhe deu explicações, justificou os exames solicitados e a medicação prescrita?
– finalmente, avalie seus sentimentos com relação ao pediatra. Ele/ela lhe pareceu genuinamente interessado no seu filho e em vocês, pais? Demonstrou cortesia e compaixão? Você se sentiu acolhido (a)?
Estas são algumas sugestões ou critérios que já ouvi de pais. Gostaria de enriquecer esta lista com o que você considerou importante, na hora de escolher seu pediatra. Ou, o que dicas dariam para pais grávidos, com respeito à escolha do pediatra? Envie suas dicas e comentários para enriquecer o blog.
10 comentários em “COMO ESCOLHER SEU PEDIATRA?”
Dr Cooper,
Gostei muito do post de hoje, de novo, muito bem escrito. Meu sentimento, como avo, eh que minha filha, Elisa, escolheu muito bem o pediatra para a filha dela. Profissional competente, dedicado, atencioso, conquistou a família toda. Obrigada.
Um abraço, Laura
Laura,
Obrigado por seu comentário, como sempre, muito gentil e carinhoso. Abraço.
Dr Cooper,
Como sempre excelentes os pontos acima ! Uma coisa q eu nao levei em conta nas minhas escolhas de pediatra mas hoje em dia acho importante êh a formação técnica e treinamento do mesmo. Difícil para nos pais (nao médicos) fazer essa avaliação mas acho q mesmo assim daria essa sugestão para pais grávidos…
Prezada Karina,
Muito boa sua sugestão. Uma das formas que os pais (não médicos) têm para avaliar a formação técnica e treinamento do pediatra é perguntar:
– em que faculdade estudou? Existem faculdades mais tradicionais, com ensino reconhecidamente de qualidade. Eventualmente, os pais podem pesquisar na Internet rankings de faculdades e/ou ver qual a procura para ingresso. Em geral, as melhores faculdades têm mais procura.
– onde fez a residência a médica?
– trabalha em algum hospital público ou só no consultório? Trabalhar em hospital público expõe o médico a uma variedade maior de doenças. Em alguns, existem programas de residência médica, que obrigam o pediatra a se manter atualizado para poder orientar residentes.
– possui título de especialista fornecdio pela Sociedade Brasileira de Pediatria? Nem todos os pediatras possuem este título, o que não signfica que não sejam competentes. Mas, é um dado a mais.
– referências de outros médicos. Em geral, médicos de outras especialidades conhecem seus colegas pediatras e podem dar referências.
– domina o inglês? Quase toda a literatura pediátrica de qualidade é publicada em inglês. O pediatra que domina este idioma tem maior probabilidade de se manter atualizado.
Estas são algumas sugestões para tentar avaliar a competência técnica e treinamento dos pediatras.
Amei as dicas, e pude ver que a Pediatra da minha filha tem todas essas qualidades, graças a Deus…..
Prezada Suellen,
Parabéns pela escolha do seu pediatra e obrigado por seu comentário.
Ola DR !
O pediatra da minha filha foi meu pediatra quando pequena , ele é maravilhoso , tem tudo que vc descreveu a cima !
parabéns pelo post 🙂
Prezada Wanda,
Parabéns! É muito bom quando se pode ter orgulho e, consequentemente, confiança, no seu pediatra.
Muito bom esse post , pena que as consultas feita nas Clinicas Públicas as mães não tem como avaliar tudo isso , pois muita das vezes o médico já é marcado com a saída do bebê do Hospital ao nascer e tem que ficar com ele mesmo pois é muito difícil remarcar uma consulta , seria ótimo se todo pediatra atende-se assim, as mães ficariam muito mais esclarecidas e as crianças mais bem cuidadas, obrigado pelo esclarecimento de sempre e carinho com as mães é bom saber que podemos ter por internet informações valiosas.
Prezada Deise,
Entendo e concordo com seu comentário. No entanto, a Estratégia da Clinica da Familia, foi desenhada exatamente para que o médico conhecesse bem as pessoas e famílias que trata, assim como a comunidade conhecesse seus médicos. A Estratégia da Clinica da Familia está longe da sua implantação plena, assim como o SUS, que é um excelente sistema. Cabe a todos fazer o SUS funcionar. Por exemplo, participando das reuniões do comitê gestor que existe em cada unidade de saúde ou se reunindo com quem faz parte dos comitês. Vai dar trabalho, mas ainda vamos nos orgulhar do nosso Sistema Único de Saúde.