Todos nós queremos dar aos nossos filhos o melhor. Talvez o melhor que possamos dar seja exatamente a capacidade de conseguirem desenvolver plenamente seus potenciais. E aí começam nossas dúvidas e inseguranças. Será que estou fazendo certo? Haverá algo mais que eu poderia estar fazendo e não estou?
Se não tomarmos muito cuidado, nos tornaremos alvos fáceis de modismos e charlatanices. Em algum lugar da internet vamos encontrar testemunhos sobre os efeitos de Mozart, tocado durante a gravidez, na capacidade de resolver problemas matemáticos na adolescência. Ou então, alguém vai nos garantir que determinado jogo eletrônico foi utilizado por algum governo longínquo e o que o país hoje exporta talentos para o mundo. A indústria se beneficia dessa nossa insegurança natural e invade as gôndolas de lojas de brinquedo com o que há de mais “científico” para desenvolver as aptidões intelectuais do seu filho de…… 3 meses!
Como então poderemos estimular nossos filhos? O essencial pode ser resumido em 3 Cs: carinho, cuidado e criatividade. Carinho não é comprar brinquedos ou jogos. É segurar no colo quando bebê, cantar, sussurrar, embalar. Aos 6 meses começar a ler livros ou revistas (sim, 6 meses!) e, depois, brincar junto. Carinho é presença. Carinho é uma emoção e não um objeto comprado (que pode ser adquirido com carinho!). Cuidar é se certificar que o ambiente em volta do seu filho seja agradável, amistoso, seguro e confortável. Não significa decorar o ambiente (ainda que isso possa fazer parte), mas adequar o ambiente para a vida da criança. Um ambiente que ela sinta como dela, onde está integrada, com prazer. Criatividade é ignorar regras que não parecem fazer sentido, ousando um pouco. Ignorar dicas de pediatras, amigos e parentes e fazer o que o coração determinar. É, também, usar o que pode ser chamado de “sucata doméstica” como brinquedo. Coisas seguras como caixas de ovos (sem os ovos!), algumas embalagens, acabam virando brinquedos muito divertidos porque eles não vêm prontos como alguns que compramos. Estes exigem que fabulemos (inventar uma história) para que deixem de ser o que são e passem a ser casas, bichos, aviões ou túneis.
Estimular nossos filhos é deixa-los se desenvolverem no ritmo deles, sem tentar acelerar etapas. É respeitar a diferença entre irmãos ou crianças da mesma idade. É fazer as refeições em família, ao menos nos finais de semana. É sair de casa e fazer mais programas ao ar livre. Estimular nossos filhos é desligar um pouco a TV e computador, conversando com eles.
E o que fazer com o Mozart? Ora, se a família gosta de música clássica, que toque muito Mozart. Mas, se gosta de rock ou samba, que toque o que gosta. Estimular nossos filhos é inseri-los na nossa cultura e valores, sempre com carinho, cuidando e sendo criativo.
Talvez descubramos algo incrível: os estimulados seremos nós, também!
Este post foi publicado originalmente no blog www.4insiders.com.br, onde sou um dos colaboradores.
10 comentários em “COMO ESTIMULAR SEU FILHO?”
Fiquei feliz por ter lido esse texto!
Realmente, a indústria se aproveita da insegurança e fragilidade dos pais e mães de primeira viagem. Cabe a nós, mães e pais, separarmos o joio do trigo rs
O mais importante, de fato, é o amor que a gente transmite no dia a dia. Tudo feito com carinho é sentido pelo neném.
Abraços,
Luna Jaimovick
Luna,
Obrigado por seu comentário. Resumiu bem o que eu penso e tentei expressar no post!
Que maravilha! Sou mãe de cinco filhos, de 16 a 35 anos. Todos inteligentes, bem colocados na vida mas, principalmente, seguros e felizes. Ter cinco filhos e viver de salário não permite que os filhos tenham tudo material. Mas, sim, tiveram muito carinho, muita tranquilidade, muita segurança, muita presença dos pais. E aí é quase infalível: adultos autônomos, felizes.
Tenho certeza de que minha filha que vai me dar esse ano o primeiro neto tem dentro de si todas essas certezas.
Parabéns pelo excelente texto que vou compartilhar com os amigos.
Valeria Rezende da Silva
Prezada Valeria,
Obrigado por seu depoimento e palavras gentis. Parabéns pelos cinco filhos!
Olá Dr. Cooper,
O que dizer ???
🙂
…ADOREI…como sempre !
Adotamos em casa os 3 Cs+2 As (de amor e atenção).
Acredito que tenhamos em casa uma criança feliz e segura…e estimulada, sem cobrança !
Doamos e cedemos e …chegamos lá…viva !!!
bjs
Bia
Bia,
Certamente chegarão lá. Ou, melhor, estão dando as condições para que sua filha decida e defina onde é o lá que ela quer chegar (mas ainda falta um bom temppo)!
Ola Dr. Cooper,
Estamos adaptando a nossa filha de 32 meses em uma escola de língua, predominante, americana.
Adquirimos para ela Dvds, musicas e jogos em inglês a fim de que ela iniciasse a escola ja acostumada a ouvir o inglês. Ensinamos algumas palavrinhas bem básicas.
No Brasil ela adorava ir a escola e aqui, não diferente, ela gosta também. Adora o uniforme , a mochila, a escola em si ( o ambiente ),não exita, sai sorrindo de casa ! Curte o caminho, avisa que estamos chegando na escola, pergunta o que preparei para o almoço dela.
Porem quando ela chega na escola, mais precisamente na porta da sala, é aquele xororo.
Bem, americanos se adaptam no esquema chora que passa e você aprende, então a adaptação dela tem sido muito difícil, inclusive para mim. Quem gosta de ver o filho chorar ?
Atribui o choro a nova língua e em estar num ambiente aonde ela pouco entende as pessoas … Sera ? Realmente tem sido bem dificil para mim distinguir o choro, um pouco de manha talvez.
As vezes me coloco no lugar ( que grande erro o meu ) e me imagino numa palestra em mandarim. Certamente dormiria porque sou grande demais para chorar , hahahaha. Mas, honestamente, seria bem difícil acompanhar a palestra.
Resolvemos insistir.
Ela tem ido a escola 3x na semana. Fizemos a escolha de irmos de pouco em pouco introduzindo a novidade, julgamos que ficar 5x na semana ( de 8 as 15) seria intenso demais. Sera ?
Voce me daria alguma luz ?
Beatriz,
Acredito que tenha acertado no que faz a sua filha chorar. Ficar em um grupo sem entender bem e sem ser entendida, é muito ruim. Por outro lado, a capacidade das crianças se adaptarem, aprendendo formas de se comunicarem e, rapidamente aprendendo o idioma, é impressionante. Não tenho respostas, quanto mais uma luz! Mas, me parece que fizeram algo acertado ao diminuirem a carga de horas de escola/semana. Acho apenas que deverão planejar ir aumentando, mesmo antes da filha estar plenamente fluente em inglês. Não expor desnecessariamente, nem proteger em excesso. Quem ousa dizer o que é desnecessário ou em excesso? Sucesso!
Ola Dr. Cooper,
Ouvi-lo é sempre uma luz, acredite !
🙂
Realmente é impressionante a velocidade com que as crianças aprendem as coisas, as vezes me esqueço que ela só tem 2anos e 8meses.
Ela já entendeu que precisa falar uma nova língua para se comunicar e pode parecer maluco mas ela esta desenvolvendo uma própria língua, o inglês Manu. Muito divertido vê-la falar um blablabla que so ela entende ! Parece que voltamos na linguagem de neném, lá de meses atrás ou 01 ano de idade, que nos pais sofremos para entender o que eles falam.
Procurei ensina-la como se comunicar com a professora, os básicos, e nesta semana a professora veio comentar comigo que a Manuela estava pedindo algo a ela que ela não estava entendendo. De repete ela se virou para a professora, colocou a mão na cintura e falou ( como se fosse obvio ): Miss Zee, potty ! hahaha , adorei e a professora também!
Continuamos nossa caminhada por aqui então, bom saber que a direção é essa.
Ah, não voltei a comentar com você sobre o caso da chupeta, se lembra que te perguntei sobre ela morder e destruir a chupeta ??? Parou ! Acho que esta mais segura e por isso parou de destruir as chupetas.
Bjs e obrigado pelo carinho
Bia
Beatriz,
Boas notícias da sua filha. Ainda vai se surpreender com a criatividade e capacidade de “se virar” dela. Também gostei de saber sobre as chupetas destruídas (ou não mais destruídas). Parabéns!