Se fossemos só racionais, não poderíamos celebrar o Natal, no dia 25 de dezembro. Nesta data, os cristãos celebram o nascimento de Jesus e, com ele,todo o simbolismo da renovação e esperança. Mas, Jesus não nasceu no dia 25 de dezembro. Não sabemos exatamente quando ele nasceu, mas, esta data, 25 de dezembro, foi definida pela Igreja em meados do século IV. Mas, isso não importa.
Se fossemos só racionais, não poderíamos celebrar o Natal utilizando a figura do Papai Noel, simplesmente porque ele não existe. E, como sabemos, racionais, se atém aos fatos demonstráveis. Mas, isso não importa.
Ainda, se fossemos só racionais, não utilizaríamos, no Brasil, um pinheiro conífero para ser o símbolo da árvore de Natal . Mas, isso não importa.
Com tanta propaganda (enganosa) de que o ser humano é racional, como é que celebramos o Natal, no dia 25 de dezembro? A resposta é simples: seres humanos, ainda que sejam capazes de utilizar a razão, são seres simbólicos. A emoção precede a razão. Olhamos para uma pessoa e antes que ela diga qualquer coisa, já fizemos uma avaliação. Seja pela roupa, asseio pessoal, adereços (todos símbolos), na nossa cabeça, formamos uma opinião prévia (e irracional) a respeito dessa pessoa. Quando vemos uma obra de arte ou ouvimos uma música, não precisamos conhecer nada sobre teorias, técnicas, escolas, história, para dizermos se gostamos ou não do que estamos vendo ou ouvindo. Esse gostar vem da emoção que é despertada em nós pela visão ou audição. E isso é o que importa!
O Natal é uma emoção! Emoção, do latim, significa um movimento para fora (ex- para fora; movere- movimento). E o que se move para fora? Aquilo que normalmente fica trancado (pela razão?) que é a nossa essência, nosso eu (sem tecnicalidades psi). Ao se mover para fora, pode encontrar o outro, o semelhante (ou diferente) humano. É nesse movimento para fora que se dá o nosso encontro. O encontro dos seres humanos não se dá na razão. Até nesta, há emoção. Ao ouvirmos um brilhante palestrante, ficamos encantados (emoção) com sua ideias (razão). Matemáticos, que conversam nessa língua universal que são os números, costumam falar em beleza de equações. Isto é, se emocionam ao ver o belo, nos números, tanto quanto nós, nas artes.
Muitas pessoas, extremamente racionais, entre as quais eu me incluo, podem sentir algum desconforto com um momento como este, emotivo e afetivo. Em geral se prendem aos aspectos racionais “brigando” contra o Natal, como o personagem Grinch, que odiava o Natal. Ficamos, suponho, muito assustados com a impossibilidade de controlarmos nossos sentimentos, enquanto a racionalidade nos dá uma sensação (ilusória?) de controle e segurança. Minha contribuição, “anti-Grinch” é este post!
Pouco importam as datas e os fatos objetivos relacionados ao Natal. Pouco importa a febre consumista que nos faz ficar obcecados com a compra de presentes e irritados com ruas e lojas lotadas. Pouco importa uma certa hipocrisia em que votos são repetidos como uma fórmula de boas maneiras. Há no Natal, uma anistia para a ditadura da razão e podemos, por alguns momentos, olhar para o outro, abraça-lo, beijá-lo e nos sentirmos humanos, solidários, juntos.
Meu abraço carinhoso em cada leitor, na expectativa que o Natal, nos mostre que ser afetivo é gostoso para os adultos e fundamental para o desenvolvimento saudável dos nossos filhos. Nesse Natal, além dos presentes, sempre divertidos e bons de recebermos, que tal darmos um abraço bem apertado em amigos queridos, companheiras e companheiros, pais, irmãos e filhos? Um abraço, sem dizer nada, dizendo tudo!
9 comentários em “NATAL É EMOÇÃO ( E NÃO RAZÃO)!”
Parabéns!
Em tempos de crise de credibilidade nacional, é uma alegria assistir uma entrevista como a que vc deu ao Roberto D’ávila, confiável, esclarecedora e, acima de tudo, reforçando aquilo que realmente é essencial nas relações entre pais e filhos. Tenho 43 anos, minha filha é uma adulta de 22, quisera ter tido um pediatra como vc ! Um abraço e feliz ano novo
Prezada Katia,
Obrigado por seus comentário gentis. Fico feliz e motivado quando o que eu escrevo (e falo) faz sentido para outras pessoas. Abraço e um 2016 alegre para você e sua família.
Um pouco do que tbm penso… sou professora da rede municipal de ensino de Curitiba e tivemos um discussão muito interessante esse ano na turma em que sou professora, 4º ano, sobre as decorações de natal dos shoppings, em que a maioria do que vemos são decorações “importadas”, boneco de neve, urso polar… entre outras que não refletem o nosso natal no Brasil. Natal cheio de emoção, mas sem deixar de lado um pouco do racional…rssss…
Prezada Luciana,
De fato, poderíamos tropicalizar um pouco o Natal. Por outro lado, tradições ganham um peso e uma inércia que nem sempre vale a pena a energia gasta para modifica-las. Acredito que mais foco no afeto e menos no consumo é uma causa que vale a pena o esforço. Muito obrigado por participar do blog. Volte sempre.
Parabéns, excelente. Conheci o Sr. na entrevista do Roberto Dávila. Absurdo eu não conhecê-lo e ver seus excelentes textos antes. Vou me autoflagelar daqui a pouco. Vou pedir emprestado a gravação do show do Roberto Carlos na Globo e assistir. Se eu não ficar satisfeito com o meu autocastigo, assistirei neste domingo ao Faustão.
Prezado Nelson,
Obrigado por seu comentário gentil. Quanto à autoflagelação, ela não é necessária porque pessoas bem humoradas estão livres desses “castigos”.
Bom dia Dr Roberto, espero encontrá-lo na paz e com saúde, sou da opinião do Nelson, que lástima ter te conhecido somente agora, um médico muito didático, inteligente e claro. Estará em minhas orações.
Prezada Maura,
Obrigado por sua mensagem gentil que me deixa feliz e motivado.
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