A resposta é um retumbante SIM! Não se trata de uma opinião pessoal e sim do acúmulo de evidências científicas quanto à eficácia e segurança da vacina. Aliás, opinião pessoal é algo muito bom para vários assuntos, mas não para questões onde entra o conhecimento.
Opinião pessoal é algo que todos nós temos a respeito de tudo e qualquer coisa, inclusive sobre o conhecimento científico. Ocorre que essas nossas opiniões são influenciadas por nossa história familiar e pessoal, nossa cultura, nossos valores. Tanto isso é verdade que seres humanos podem ter opiniões radicalmente diferentes a respeito de praticamente qualquer assunto. O motivo é que não somos iguais nem como grupo (cultura), nem como indivíduos (singularidade).
A ciência é um método que exige aprendizagem e disciplina. Ninguém sai por aí fazendo ciência só porque ficou com vontade. O método científico não é simples e exige um treinamento muito longo e intenso para que uma pessoa seja capaz de aplicá-lo e obter dos dados informações relevantes. Ciência não é estatística, ainda que se utilize dessa ferramenta matemática entre outras. Só porque uma informação vem acompanhada de percentuais, não significa que seja científica. Existe muita pseudo ou falsa ciência feita por pessoas com pouco conhecimento ou muita má fé.
Acho importante fazer essa diferença entre opinião e ciência, assim como entre a verdadeira ciência e a falsa ciência. Esta última usa disfarces que podem fazer qualquer um de nós acreditar que seja ciência.
Finalmente, a ciência não é detentora de uma verdade absoluta, definitiva. A ciência admite que o que ela consegue atingir é o melhor conhecimento possível para uma dada situação, em um dado momento. Por definição, a ciência espera que uma conclusão ou afirmação feita hoje, seja modificada por um novo conhecimento, amanhã. Isso é ciência. O conhecimento que não muda e, pior, não admite mudança, não é científico. É dogma.
Agora vamos à pergunta deste post: Devo vacinar meus filhos contra a Covid-19? A resposta, sim, não é minha opinião e sim a melhor evidência científica disponível hoje:
– A vacina foi aprovada para a faixa etária de 5 a 11 anos de idade, pelo FDA (Food and Drug Administration- EUA), pela EMA (European Medicines Agency) e pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária- Brasil), entre outros órgãos reguladores confiáveis, como sendo eficaz e segura;
– A Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI COVID-19) do Ministério da Saúde, manifestou-se unanimemente favorável à incorporação da vacina contra Covid-19, para crianças entre 5 e 11 anos de idade, na campanha nacional de vacinação, em reunião ordinária realizada no dia 17 de dezembro de 2021;
– A Sociedade Brasileira de Pediatra, bem como a American Academy of Pediatrics recomendam a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos de idade.
Em 2020, 10.356 crianças entre 0-11 anos foram notificadas com diagnóstico de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) por COVID-19, das quais 722 evoluíram para óbito. Em 2021, as notificações se elevaram para 12.921 ocorrências na mesma população, com 727 mortes, totalizando 23.277 casos de SRAG por COVID-19 e 1.449 mortes desde o início da epidemia;
– Dentre esses casos, 2.978 ocorreram em crianças de 5-11 anos, com 156 mortes, em 2020. E em 2021, já foram registrados 3.185 casos nessa faixa etária, com 145 mortes, totalizando 6.163 casos e 301 mortes desde o início da epidemia.
Ainda que a Covid-19 felizmente afete menos as crianças, os dados disponíveis demonstram que tivemos casos e óbitos, na faixa de 5 a 11 anos e que, agora, temos uma vacina disponível e aprovada que reduzirá dramaticamente esses números.
Nos EUA onde a vacina da Pfizer foi aprovada para esta faixa etária em 29 de outubro deste ano, a estimativa é que 4,8 milhões de crianças entre 5 e 11 anos já tenham tomado ao menos uma dose da vacina. Esse número é significativo e até a presente data nenhum efeito colateral relevante foi reportado.
Você deixaria de proteger seus filhos de uma doença que pode se tornar grave e levar à morte,
tendo uma vacina cuja efetividade e segurança foram comprovadas por estudos científicos, analisados por agências independentes e pela aplicação em 4,8 milhões de crianças americanas?
Não se deixe influenciar por notícias falsas ou opiniões pessoais. Busque se informar em fontes seguras como as sociedades médicas, a Anvisa, o CDC, o FDA. Não dê ouvidos a grupos de WhatsApp, vídeos de médicos no Youtube e rumores não fundamentados.
Não existem motivos para hesitação e receio. Vacinar contra a Covid-19 é um ato de cuidado com seus filhos e de cidadania com a coletividade.
2 comentários em “Devo vacinar meus filhos contra a Covid-19?”
Excelente artigo, claro, direto e esclarecedor. Necessário, e portanto, presta um serviço de utilidade pública altamente relevante , no que tange a saúde da população infantil!
Para maiores esclarecimentos:1.Efeitos colaterais…2.Desfechos letais…3.Em crianças com comorbidades cárdia-respiratória,quem decide…