De repente é Natal e tão de repente quanto, um ano novo se aproxima. De repente um blog volta a ser escrito, sem explicações do porquê parou de ser atualizado, nem porque voltou. Me ocorreu, nesse retorno, falar sobre essas surpresas, sustos e os inesperados da vida a que nos referimos como de repente.
De repente é um olhar, um beijo, uma taquicardia. Um relacionamento se inicia, sonhos e projetos são compartilhados, tudo é muito previsível e sem pressa porque há todo o tempo no mundo.
De repente uma gravidez, planejada ou não, mas sempre uma surpresa. Um bebê é imaginado, idealizado e amado. Se não for uma cesárea com data marcada, de repente o bebê quer nascer. Nasce, chora, mama, faz xixi e cocô, vinte e quatro horas por dia, sete dias na semana. Onde está aquele bebê idealizado, calminho, dorminhoco? Este tem cólicas, golfa, demora para arrotar e mesmo quando tudo parece estar bem, não sabemos se está bem de fato. Noites sem dormir, cansaço, sentimentos confusos de um amor único e uma irritação brutal.
De repente o bebê sorri, mais um tempo se senta, engatinha e anda. Não é mais o mesmo cansaço, mas um novo que se instala. Agora, mais seguros, os pais sentem que precisam de um tempo para eles, querem dormir à noite, sonham com menos mamadas.
De repente uma primeira febre, nariz escorrendo, tosse. Medo, insegurança, incerteza. Três dias de febre parecem três séculos, um vômito lembra um tsunami.
De repente é o primeiro dia de ir à escola ou creche. Nas costas uma mochila quase do mesmo tamanho que a criança. O coração fica apertado, uma lágrima rola dos olhos, a emoção de um novo marco sendo ultrapassado.
De repente um contestador se instala na casa. Com menos de três anos de idade e vontades e teimosias de um velho. Os dilemas de quanto limites colocar, como educar, torturam os pais.
De repente o tempo voa e os pais voltam a não dormir à noite, preocupados com o silêncio, a ausência de notícia, o celular que não responde. Quando finalmente conseguem falar, o que vem de lá é duro, ríspido, rebelde.
De repente uma pandemia e tudo muda. Desconhecimento gerando apreensão e medo. Precisamos aprender a nos modificarmos e adaptarmos a uma nova situação, hostil. Descobrimos criatividade, resistência e felizmente sobrevivemos. Não todos, infelizmente.
De repente filhos se tornam pais e os pais, avós que ficam com o prazer e alegria de um bebê, deixando para os pais as noites insones.
De repente nos damos conta de como a vida passa de repente e de quantos de repentes ela é feita. Mais, cada de repente é um instante e uma eternidade onde encontramos nossa felicidade.
Desejo a quem chegou até aqui muitos de repentes em 2022!