A resposta é: sim, é possível. No entanto, também é verdade que dá mais trabalho e, eventualmente, custa um pouco mais caro. Mas, o que está em jogo é a saúde, a longo prazo, dos nossos filhos. O sobrepeso e obesidade infantil já se constituem em problema de saúde coletivo, no nosso país e no mundo. A questão do sobrepeso e da obesidade não é estética e sim de qualidade de vida. O risco de doenças como hipertensão (pressão alta), diabetes (açúcar no sangue), infarto agudo, acidente vascular cerebral (derrame), alguns tipos de câncer, problemas ósteo-articulares como atritres e atroses, é muito maior nas pessoas com sobrepeso ou obesidade. A única prevenção possível é o desenvolvimento de hábitos saudáveis, a partir da infância.
Um desses hábitos é o da alimentação saudável. Não significa nenhum radicalismo ou fundamentalismo alimentar. Significa apenas saber que certos alimentos fazem mais bem do que outros. Ou ainda, que certos alimentos fazem mal. De um modo muito simplista, alimentos processados, isto é, os que são produzidos pela indústria e chegam até nós em embalagens sedutoras e rótulos difíceis de entedermos, são menos saudáveis do que os alimentos preparados em casa. Dito de outra forma, um prato de comida feito em casa é mais saudável do que abrir uma embalagem e preparar ou comer diretamente o que a indústria produziu e colocou em embalagem atraente. A questão é que alimentos industrializados são mais práticos, rápidos e, muitas vezes, mais baratos do que prepararmos comida em casa. Mas, a pergunta que devemos nos fazer é: quanto vale a saúde dos nossos filhos? A alimentação, junto como outros hábitos saudáveis (sono, atividade física) funciona como uma “vacina” de longo prazo, prevenindo ou reduzindo a incidência de certas doenças.
Algumas escolas já iniciaram um movimento para ajudar as famílias a desenvolverem hábitos alimentares saudáveis, incluindo, no seu currículo atividades lúdicas de culinária, cantinas com rotulagem de fácil entendimento dos alunos e um conteúdo pedagógico transversal que contemple os diversos aspectos da alimentação, incluindo o prazer de comer, a alegria de comer juntos, fugindo de um aspecto meramente nutricional para uma abordagem mais biopsicossocial do comer. No Rio de Janeiro, as nutricionistas Renata Araujo e Cynthia Howlett desenvolveram o projeto Alimentação Consciente que está sendo apresentado às escolas e já é adotado pela Escola Parque. “Comer é prazer, é necessidade, é partilha, é afeto. Mas também é um ato político! Desejamos que as crianças sejam mais saudáveis. Que comam mais alface e menos miojo! Mais frutas e menos biscoito!Desejamos conter o aumento desenfreado da obesidade, e para isso solicitamos que as crianças façam suas escolhas alimentares baseadas em preceitos, nutricionalmente balanceados. Mas, nos perguntamos: será que estamos preparando as crianças para fazerem suas escolhas alimentares conscientes?” Esse é o enfoque do projeto liderado por estas duas nutricionistas em conjunto com os pais e as escolas.
Para ajudar os pais com algumas sugestões, pedi à Renata receitas para um lanche mais saudável. Ela me enviou as seguintes receitas, sugerindo que, sempre que possível, a criança seja envolvida em todo o processo, começando pela compra dos ingredientes, passando pelo preparo e, finalmente, a degustação. Quando a criança é envolvida na elaboração da comida, seu interesse e curiosidade pela degustação aumentam. Ela se sente (e é) autora daquela comida que passa a ser dela e não algo completamente imposto por algum adulto.
Vamos às receitas (todas podem ser feitas com as crianças):
Pão de Tapioca
Ingredientes Leite desnatado – 1 e 1/2 xícaras
Tapioca Granulada – 3/4 xícara
Ovo – 1 unidade
Queijo Parmesão ralado – 1/2 xícara
Polvilho Doce – 1/2 xícara
Óleo de Girassol – 1/4 xícara
Sal – a gosto
Modo de Preparo
Em uma panela, ferver o leite com o sal. Desligar o fogo e adicionar o óleo. Em uma tigela colocar a tapioca para hidratar com o líquido ainda fervente. Reservar por 30 minutos. Depois de frio, adicionar os outros ingredientes e amassar bem com as mãos. A massa deve soltar das mãos. Caso isso não ocorra, adicionar um pouco mais de polvilho. Fazer bolinhas com as mãos e colocar sobre tabuleiro antiaderente. Levar para assar em forno préaquecido (180C) por 35 minutos.
Omelete do Pedro e da Alice (filhos da Renata)
4 ovos
4 bolinhas de queijo de búfala (ou uma fatia de queijo Minas)
4 tomates cereja
1 pitada de sal
1 pitada de orégano (opcional)
Modo de preparo:
Picar o queijo, cortar os tomates e misturar bem.
Em uma tigela, bater os ovos com garfo ou batedor manual (fouet).
Uma vez que os ovos estejam bem batidos, acrescentar o queijo e tomate já misturados. Colocar uma pitada de sal e de orégano (opcional) e mexer. Derramar sobre uma frigideira quente antiaderente ou com um fio de azeite. Virar o omelete e dobrar quando estiver com a consistência desejada (os franceses preferem o omelete mais mole, chamado de baveuse).
Iogurte natural caseiro
Ingredientes Leite integral – 1 litro
Iogurte natural desnatado consistência firme – 1 pote
Leite desnatado em pó – 2 colheres de sopa bem cheias
Açúcar Demerara – a gosto
Modo de preparo
Ferver o leite. Desligar. Deixar esfriar (37 C) para adicionar o leite em pó e o iogurte. Misturar delicadamente. Tampar a panela e colocar em local reservado por 12 horas. Sugestão guardar dentro do forno desligado.
Dica gastronomica
No fundo de cada potinho pode-se colocar uma geléia de frutas sem sabor para flavorizar seu iogurte.
Dica de conservação
Após 12 horas de descanso todo o contedo da panela se transformará em iogurte. Conservar na geladeira por até 4 dias. Sugestão transferir o contedo para potinhos individuais. Assim, evita-se a manipulação constante do iogurte, favorecendo a conservação.
Cookie de banana
👉🏼 sem açucar refinado adicionado
👉🏼 receita fácil de ser feita com as criança
👉🏼 os ingredientes como chocolate, coco e amendoas podem ser modificados para outra de preferência da criança
•Banana madura(3 unidades)
•Aveia em flocos(2 copos duplos)
•Óleo de girassol(1/4 de copo duplo)
•Amêndoas sem casca trituradas no processador(2/3 de copo duplo)
•Coco ralado sem açúcar (1/3 de copo duplo)
•Fermento em pó(1 colher de sobremesa)
•Baunilha(1 colher de sobremesa)
•Sal (1/2 colher de sobremesa)
•Canela em pó(1/2 colher de sobremesa)
•Chocolate amargo picado ou passas pretas(170 g)
Modode preparo:
Numa vasilha,misturar as bananas amassadas com baunilha e óleo de canola.Reservar. Em outra vasilha, misturar os secos: aveia, amêndoas trituradas, coco ralado,canela em pó, sal e fermento.Adicionar a banana aos secos e misturar bem com um garfo. Por último,juntar os pedacinhos de chocolate amargo.Faça pequenas bolinhas e disponha no tabuleiro preparado.
Préaqueça o forno a 180°C.Forrar 2 tabuleiros com papel manteiga. Reservar.
Assar por 20 a 25 minutos. Deixar esfriar antes de retirar do tabuleiro com uma espátula de silicone.
E uma receita de sobremesa, em imagens:
YumYum (frappé de frutas com inhame):
Uma variação da receita de biscoito de banana me foi enviada pela D. Liliane, avó da Lia, que, sentada no carrinho, não consegue decidir qual dos dois biscoitos vai comer!
2 bananas nanicas maduras (quanto mais maduras, mais doce ficarão os biscoitos)
1 xícara de aveia, quinoa ou amaranto
2 colheres de sopa de uvas passa sem semente, coco ralada ou frutas secas picadinhas (opcional)
2 colheres de sopa de nozes, amêndoas, castanhas picadas ou outras oleaginosas (opcional)
1 colher de chá de canela em pó (opcional)
Modo de preparo:
Com um garfo, amasse as bananas e misture os demais ingredientes até obter uma massa bem integrada. Em uma assadeira antiaderente ou untada com um mínimo de azeite, coloque montinhos com pouco menos de uma colher de sopa da massa, com um dedo de distância entre eles. Não deixe-os muito altos para que assem bem e fiquem mais sequinhos.
Leve a assadeira ao forno preaquecido a 180º C por mais ou menos 20 minutos. Quando os biscoitos estiverem dourados, desligue o forno e deixe-os esfriarem lá dentro.
É importante lembrar que é em casa que os hábitos devem ser desenvolvidos. A escola tem um papel importante na vida das crianças e de suas famílias, mas não substitui os pais. Mais do que isso, é o exemplo da casa que vai contribuir para a formação de hábitos saudáveis. Palavras têm muito menos poder do que as ações. Se os pais se exercitam, comem razoavelmente bem, os filhos tenderão a seguir o modelo deles. Mas, se os pais são sedentários e optam por uma alimentação rica em gorduras, frituras e açúcar refinado, não há escola que conseguirá desenvolver, nestas crianças, hábitos saudáveis.
Contato da nutricionista Renata Araujo: realimentare.com.br ou Instagram- @realimentare
2 comentários em “É POSSÍVEL UM LANCHE MAIS SAUDÁVEL?”
Amei o POST!! Vou fazer o bolinho de tapioca!
Muito bomm! Gosto de você desde criancinha!