ESCOLINHAS E DOENÇAS

bebes em creche1

Com o início de um novo semestre escolar, muitos pais  perguntam se colocar seus filhos em creche ou escola aumenta a probabilidade de contraírem doenças? A resposta é sim. Mas, isso não deve ser motivo de maiores preocupações.  Vou tentar explicar o que acontece.

Qualquer situação onde um número maior de pessoas compartilha um espaço fechado, aumenta as chances de alguém contrair uma doença simples como um resfriado ou uma virose inespecífica.  Mais pessoas significa mais chances de que uma delas esteja eliminando algum tipo de vírus, mesmo que não tenha sintomas. O espaço fechado favorece o contágio desse vírus. Assim, crianças que moram nas suas casas, com um número reduzido de pessoas, ao serem colocadas em creche ou escolinhas, passam a conviver com um número bem maior e isso favorece a transmissão de doenças. Um passa para o outro e assim vai e os ciclos vão se repetindo.

Quanto menor a criança, mais chances ela tem de contrair doenças simples na creche ou escola. Isso porque seu sistema imunológico (de defesa) ainda não está plenamente amadurecido.

As doenças mais comuns em crianças em creches são os resfriados e diarreias. Ambos, de origem viral. Nas escolinhas, com crianças já maiores, os resfriados continuam a liderar o ranking das doenças, mas o número de diarreias diminui. Em contrapartida, quanto mais as crianças brincam juntas, o que acontece com as mais velhas, maior a chance de contraírem doenças como impetigo (infecção bacteriana da pele) e se infestarem por piolhos.

Visto por esse ângulo (das doenças), pode parecer que colocar os filhos em creche ou escola seja um horror completo. Não é! Apenas, aumenta um pouco a probabilidade de contraírem algumas doenças simples, de fácil tratamento.  O mundo e não só feito de  creches e escolas e, se olhado através das lentes de um microscópio, é um lugar muito perigoso!  Mas, os seres humanos saudáveis possuem bons final de ano crechemecanismos de defesa que nos permitem viver bem nesse mundo.  Mais do que isso, estudos mais recentes demonstram que crianças excessivamente “protegidas”, apresentam mais alergias e doenças de pele do que aquelas que se expõem a uma dose (segura) de vitamina S!

Em um mundo onde mães e pais trabalham, uma creche ou escolinha é, certamente, uma ótima opção. Basta saber que, muito provavelmente, alguns resfriados serão enfrentados e a vida vai seguir, alegre e divertida. Ou algum pai vai me dizer que não derramou uma lágrima naquela primeiríssima apresentação de fim de ano?

7 comentários em “ESCOLINHAS E DOENÇAS”

  1. Bom dia, Dr. Roberto!
    Como sempre, seu artigo é muito esclarecedor e de muito bom senso, parabéns!
    Deixo-lhe aqui uma sugestão para outro artigo relacionado a este: gostaria de saber a sua opinião com relação à parte psicológica/emocional (vantagens e desvantagens) das crianças que frequentam creche ou escolinha desde bebê, em comparação àquelas que ficam em casa (com a mãe ou babá) até a idade de ir para o colégio (6 ou 7 anos).
    Abraço,
    Sandra

    1. Dr. Roberto Cooper

      Sandra,
      Obrigado pela sugestão. Uma ótima pergunta, provavelmente sem uma resposta precisa. Tanto mais que, nos dias de hoje, muito raramente uma criança fica em casa até os 6 anos. Vou pensar em como abordar o tema.

  2. Pois é Dr Roberto eu bem sei o que é passar por tudo isso e um pouco mais com o filho na creche, mas em contra partida acho que é extremamente importante para o desenvolvimento de qualquer criança, esta convivência diária com as outras crianças, vale a pena correr o risco!
    Um enorme abraço!

    1. Dr. Roberto Cooper

      Prezada Andréa,
      Obrigado por seu comentário. De fato, as novas dinâmicas familiares, com as mulheres assumindo um papel muito importante no mercado de trabalho e contribuindo com parcela significativa, quando não a maior ou única do orçamento familiar, impõe novos modos de atendermos às crianças. E essa questão não é só da mulher, mas de toda a sociedade. Nesse sentido, não há o que se discutir e a escola ou creche se torna fundamental para nossa organização social. Além disso, como ninguém mais tem tempo (porque trabalha) de levar na “pracinha” (que nem existe mais!), a escola também passou a ser o lugar de convívio diário com outras crianças. Gostaria de deixar claro que minha posição é inteiramente favorável às escolas e creches. Temos que zelar pela qualidade das mesmas, aliás, como devemos por todos os serviços que contratamos (sejam públicos ou privados).

  3. Boa tarde, Dr Roberto! Minha dúvida é a seguinte meu filho esta com 1 ano e 2 meses, a 3 meses esta no berçario integral, já teve gastroenterite, variais viroses com muita febre, sinusite e gripes. Nestes 3 meses ele fica 2 a 3 dias de cada semana bem e o resto doente. Isso é comum? Existe algo para melhorar a imunidade? Em casa em 11 meses nunca teve nada. Estou muito preocupada, a escola é otima, acompanho com pediatra mensalmente. Não sei o que fazer. Obrigada

    1. Dr. Roberto Cooper

      Prezada Aline,
      Como o blog não substitui uma consulta, sugiro que procure seu pediatra para que este lhe oriente.Espero que compreenda esta limitação da internet.De um modo geral, várias crianças, quando iniciam sua vida em berçários ou creches, apresentam seguidos episódios de virose. Isso não significa que tenham imunidade baixa ou alguma doença. Significa apenas que estão sendo expostas e/ou entrando em contato com novos vírus. A cada episódio, desenvolvem imunidade para aquele vírus. Mas, como são muitos, terão muitas viroses.

  4. Muito útil esse post.
    Meu filho começou a ir para escolinha com 1 ano e 2 meses e era bem por aí…. três dias na escolinha e os outros dois em casa.
    E foi assim durante um tempo, resfriado, conjuntivite, virose…..
    Agora com 1 ano e 9 meses diminuiu muito, mais como ele tem bronquite asmática, vira e meche está com nariz escorrendo, tosse (mais a noite). Aí da-lhe inalação.
    Agora está em tratamento para crises de asma durante 5 meses. Espero que melhore.
    Doutor, tem algum posto sobre bronquite asmática?

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