SER PAI

É quase impossível escrever algo sobre ser pai que ainda não tenha sido escrito ou dito. Mais difícil ainda é não descambar para um sentimentalismo comercial, aquele que produz “lágrimas que vendem”! Por outro lado, não dá para não aproveitar a ocasião do dia dos pais e expressar algumas de minhas ideias e sentimentos sobre o que é ser pai. Dos vários aspectos que formam um pai, me ocorreu falar sobre um em especial, a coragem de ousar.

O primeiríssimo momento de coragem de ousar é quando um homem assume que vai compartilhar sua vida e afeto com uma outra pessoa, seu filho. A ousadia de romper com uma forma individual de existir para ousar existir também para e em outro ser. A natureza é sábia e nos faz passar batido por esse ato de ousadia corajosa.

Quando nossos filhos nascem, precisamos ter a coragem de quebrar paradigmas machistas e assumirmos alguns papeis habitualmente atribuídos às mulheres. Para que as mães possam melhor amamentar e acarinhar o filho, ajudamos nas tarefas da casa, seja arrumando, cozinhando, fazendo as compras. Também podemos e devemos assumir algumas tarefas com os filhos, como o banho, a troca da fralda de madrugada, o tempo no colo para o arroto depois da mamada e a colocada para dormir. Tudo isso, liberando tempo e algum descanso (mínimo), para a mãe.

Depois, devemos ter a coragem de ousar no trabalho, informando que a família é importante e que não vai ficar sempre em último lugar. Ousar sair quando o expediente termina, estar em casa para ver o filho acordado, participando do jantar e ler um livrinho junto com o filho. Chegar mais tarde ou sair mais cedo no dia em que houver uma reunião ou apresentação na escola ou ainda uma ida ao pediatra.  Coragem que pai deve ter para quebrar paradigmas.

Há uma coragem que para muitos de nós é muito difícil de encontrarmos. A coragem e ousadia de colocar limites. Essa é uma função amorosa de pai, por mais dura que seja. Colocar limites não significa abusar da autoridade, muito menos deixar de elogiar. Colocar limites é dar aos nossos filhos a possibilidade de se tornarem adultos ajustados à vida em coletividade. É desenvolver neles a capacidade de conviverem e superarem frustrações. Acima de tudo, é o entendimento que o mundo não gira em torno deles, para satisfazer, exclusivamente, seus desejos. Colocar limites é amar seu filho.

Ser pai exige a coragem de dizer não sei. A ousadia de não ser perfeito e, a partir dessa sinceridade, construir uma relação verdadeira com nossos filhos.

Chega um momento em que ser pai exige a coragem de soltar os filhos no mundo. Um pouco como quando os ensinamos a andar de bicicleta. No começo, com rodinhas. Depois, segurando no selim e correndo atrás da bicicleta, com palavras de incentivo e segurança. Finalmente, soltando o selim e ficando com o coração na boca, vendo aquela bicicleta bamboleando com nossos filhos em cima dela e nada que possamos fazer para evitar o tombo. Assim é soltar os filhos na vida!

A coragem ou ousadia que atravessa todas as etapas da vida de um pai talvez seja a de se emocionar, sem se conter. De vibrar com as pequenas conquistas, se orgulhar dos progressos e não ter preocupações com razões para sentir isso ou aquilo. Basta desligar a razão e deixar fluir a emoção do amor.

Por isso, no dia do pais, sugiro que todos nós que somos pais, agradeçamos aos nossos filhos por nos permitir viver de uma forma mais emocionada. Isso também exige uma dose de coragem e ousadia!

2 comentários em “SER PAI”

  1. …acho que terei a ousadia de dizer no seu blog que eu AMEI suas palavras !
    🙂
    Feliz dia dos pais , “ousado” Dr.Cooper.
    Desejo que muitos pais ousem e sintam o que muitas de nos mãe ousamos e sentimos, indescritível !

    Sempre

    Bia

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