MITOS E VERDADES EM VIAGENS COM CRIANÇAS PEQUENAS.

Na semana passada escrevi sobre a realidade derrubando “regras científicas”. Um leitor do blog  me enviou um texto sobre viagens com crianças pequenas, que combinava com meu post. Achei o texto tão bom  que pedi a autorização para reproduzi-lo aqui . Hoje, o post é do blog convidado “LAURA NO MUNDO”, a quem agradeço a gentileza de compartilhar seu texto que segue abaixo.

MITOS E VERDADES EM VIAGENS COM CRIANÇAS PEQUENAS.

Um filho é sempre uma alegria. Aliás, é a alegria! Uma mudança sem volta na vida da mãe, do pai, enfim, de toda a família. Uma mudança dessa magnitude, contudo, não deixa de trazer desafios. Desafios de várias ordens, inclusive para a vida social dos pais. Em nossa opinião, caso os pais tenham tido, até a chegada do pimpolho, uma vida social muitíssimo intensa, não se poderá manter o mesmo padrão nos primeiros anos de vida da criança. O motivo é simples: a criança demanda! Alguns podem até receber esse fato como um fardo, mas esse não foi o nosso caso.

Uma saída, até certo ponto, é simplesmente incorporar a criança ao ritmo de nossas vidas. Assim o fizemos quando decidimos fazer nossa primeira viagem, quando ela tinha apenas um ano e meio de idade. Destino: Buenos Aires, em julho de 2011. Imaginem a reação da família? É preciso reconhecer que nem todos lidaram com naturalidade diante desse fato. Depois de 5 anos de intensas viagens, o que podemos apontar como mito e verdade em viagens com crianças pequenas?

1 – Em lugares frios também nascem, criam e vivem crianças. Isso que dizer que não há nada na genética de nossos filhos, nascidos em país tropical, que não permita que eles se adaptem às condições climáticas do destino para o qual nos dirigimos. No Brasil há mais ou menos disseminado uma noção curiosa, a tal da “friagem”. Por temermos esse monstro invisível – chamado friagem – devemos manter as crianças trancafiadas dentro de casa? É claro que não. Nada que um bom agasalho não resolva, certo? Nesse sentido, uma das coisas que mais impressionam é ver, na Europa – e vimos muitos alemães – com crianças nas costas, como se fossem mochilas, sob um frio de rachar. São irresponsáveis? É claro que não, eles não amam menos suas crianças se comparados à nós. Acontece que eles tem uma relação com o clima de menor temor, e não era para menos, qual alternativa teriam eles? Sendo assim, agasalhe seu filho e faça sua viagem tranquilamente, ele/ela não morrerá congelada indevidamente.No Jardim de Luxemburgo, Paris, dezembro de 2012.

2 – É verdade que, sob um novo habitat, crianças pequenas estão mais expostas à infecções. E compreenda: essas infecções, normalmente virais, não são consequência propriamente do ar frio, mas, de um lado, do maior confinamento em ambientes com muitas pessoas; de outro, pelo fato do teu filho ainda não ter desenvolvido, de todo, seu sistema imunológico. As chances de ele manifestar febre são boas. Até os 4 anos de idade, em qusse todas as viagens que fizemos, Laura manifestou febre por um ou dois dias. Caso a criança não manifeste outro sintoma (como dor abdominal, vômito etc), não há razão para se preocupar até as primeiras 36 horas de febre. Normalmente – e somos exemplares – a criança responderá sozinha ao agente infectante. Basta, portanto, um anti-térmico, boa hidratação e vigilância. Siga a viagem!

3 – Destinos no estrangeiro, mas também muitos destinos nacionais nos impõem uma nova dieta. Crianças mais chatas com comida certamente sentirão e resistirão às novas e desconhecidas ofertas de alimento. Tente não transformar isso em uma fonte de estresse. Alguns dias comendo mal não matarão seu filho. Por exemplo, no Reino Unido, Laura praticamente se alimentou de batata chips. Nada mais britânico, não?

O terrível café inglês, Londres, janeiro de 2014.

4 –  Um comentário bastante pessoal: viagem com criança impõe, obviamente, ajustes no roteiro. Não haverá espaço para noitadas ou mega-caminhadas (ainda que o carrinho de bêbe ajude muito!). Isso não quer dizer, em nossa opinião, que a viagem com criança tenha que se resumir à programação infantil. Uma das vantagens de se viajar com crianças pequenas está justamente no fato de elas serem muitíssimo aberto ao novo. Tudo ou quase tudo a interessa. Significa que o roteiro não precisa ser de todo infantilizado. Uma visita ao Louvre, em Paris, poderá ser tão interessante quanto estar em um evento com o Mickey ou coisa que o valha. Sendo assim, combine interesses, torne o roteiro variado e interessante para todos. Caso não tenha paciência para as longas filas dos parques temáticos infantis, por que, obrigatoriamente, se submeter a eles?

No Trapiche Municipal de Florianópolis, julho de 2014.

5 – Por fim, um dos pontos mais estressantes da viagem: bagagem. Em geral os brasileiros apreciam levar o mundo na mala. Tudo parece importante, mas basta abrir a mala no retorno para se dar conta que algumas coisas foram sequer tocadas. Com criança pequena parece que essa característica se radicaliza! Em nossa opinião, o que uma criança pequena nos coloca como necessidade? Em primeiro lugar, não tem jeito, alguns medicamentos. Tratamos dessa questão em outra matéria (Ver: laura-no-mundo.webnode.com/news/viajando-com-crian%C3%A7as%3a-o-que-levar-/). Além de medicamentos, o que mais? Roupas, é claro. Um carrinho de bêbe, sem duvida. Há, no mercado, alguns pequenos e leves. São ideais. Quando Laura estava no chão, ele era amarrado em nossas costas (como uma mochila) e a vida seguia. Quando a Laura cansava – ou mesmo queria dormir – pronto, ele era uma mão na roda! Para que fique claro: carrinho de bêbe é essencial! Mas opte por um modelo leve e dobrável, caso contrário, vai levar um problema. Além do carrinho, diríamos que outra coisa pode ser importante: um ou dois brinquedos, mais uma vez sem excessos. Em nossas últimas viagens o tablet foi um recurso fundamental em muitas situações.

Nosso herói em Paris.

Do mais, é ter a vontade de viajar sem estresse. Não tenham dúvidas, momentos inesquecíveis sempre ficarão!

Leia mais: http://laura-no-mundo.webnode.com/news/mitos-e-verdades-em-viagens-com-criancas-pequenas/

8 comentários em “MITOS E VERDADES EM VIAGENS COM CRIANÇAS PEQUENAS.”

  1. Roberto, seu blog é extremamente interessante, e muito gostoso de ler. Mostra que conhece as loucuras e delícias de ser pai (e mãe). Difícil é fazer a minha esposa acreditar que criança não pode pegar “friagem”, ou andar com pé “descalço”… kkkkkk

      1. Olá Dr. Cooper. Há algum artigo seu ou poderia nos ajudar em relação a um assunto em que não encontramos respostas, nem de pediatras, nem com a experiência de outros pais. nossa bebe tem 06 meses e a 02 meses só mama (mamadeira) dormindo. Acordade não aceita a mamadeira, sucos e a papinha ela come um pouco com muito custo. É bem preocupante isso pois temos que fazê-la dormir constantemente para não passar horas sem comer. Consultamos dois pediatras que nos disseram que é fase, que temos que continuar tentando, porém a mamadeira com o leite ela rejeita completamente. Tenho visto na internet muitos pais relatando a mesma experiência. Abraços e obrigado.

        1. Dr. Roberto Cooper

          Prezado Cícero,
          Não escrevi nada a respeito e não tenho conhecimento de nenhum artigo científico que tivesse abordado esta situação.

  2. Dr. Roberto, conheci seu blog recentemente e estou gostando muito dos artigos! Sobre este texto, quero compartilhar a experiência que tivemos com nosso bebe que agora esta c 1 ano. Gostamos muito de viajar e com a chegada do bebe ficamos um pouco apreensivos com a ideia de uma proxima viagem. Decidimos então fazer a experiência quando ele estava com 10 meses e fomos para Buenos Aires e Uruguai. Concordamos com tudo que esta no texto e tivemos uma ótima viagem mesmo pegando muito frio e chuva! Uma dica apenas do que é muito importante levar na bagagem é a capa de chuva para o carrinho, não só p proteção da chuva como também do vento que incomoda muito os bebes. Parabéns pelos textos!

    1. Dr. Roberto Cooper

      Prezada Flavia,
      Obrigado por participara do blog e pela sua importante lembrança da capa de chuva para o carrinho do bebê. Volte sempre!

  3. Dr. Roberto Cooper, que prazer saber que o senhor está pertinho de nós aqui no Rio!!! sou paulistana, residindo e trabalhando no Rio ha 4 anos e faço formação em Winnicott, na SBPW . Muito bom saber que temos por perto um pediatra que possamos recomendar para nossos clientes – pais muitas vezes atendo pais aflitos e às voltas com suas duvidas sobre saúde dos seus pequenos. Btw, minha filha hj tem 28 anos mas viaja comigo desde 2 meses de idade pois meu trabalho exigia constantes deslocamentos . O efeito colateral foi que ela sentiu-se picada muito cedo pelo bichinho da aventura e vive agora viajando pelo mundo!!! vou seguir seu blog!!!
    1 abraço!

    1. Dr. Roberto Cooper

      Prezada Leila,
      Obrigado pelo comentário, tanto mais que vem de uma profissional da área da saúde. Quanto ao efeito colateral que descreve ter ocorrido com a sua filha eu diria que este se deve mais ã auto confiança e segurança que você lhe transmitiu, incentivando sua independência e autonomia, do que ao fato específico de viajar muito. Tantas crianças viajam muito e ficam coladinhos nos pais… Pouco importa a causa, o que vale é que tem uma filha de quem se orgulha e é feliz. Parabéns!

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