PERDI A PACIÊNCIA!

Mães e pais equilibrados, tranquilos e serenos, preparados e capazes de enfrentar toda e qualquer situação com racionalidade, objetividade e stress-busting-tips-for-momcalma, só existem em livros de auto-ajuda, revistas femininas e blogs de pediatras! No mundo real as coisas nunca se passam como descritas, sonhadas ou idealizadas. No mundo real, a adolescente se tranca no seu quarto que, aliás, está uma bagunça, se recusando a sair para jantar com a família. No mundo de verdade, o bebê que acabou de chegar em casa da maternidade chora sem parar, apesar de já ter mamado, a fralda estar seca, o ambiente escurinho, tranquilo e gostoso. No vida real, nosso filho de 8 anos vomita na hora em que estamos saindo para ir ao cinema enquanto a sua irmã, de 5 grita que não a amamamos. Uma coisa é certa, o mundo real não frequenta esses livros maravilhosos que têm uma solução para tudo, ou ensinam (em 7 passos) como a felicidade plena pode ser atingida com filhos dormindo a noite toda, comendo legumes, verduras e frutas, voluntariamente e respondendo, sempre, de forma gentil, amável e educada.

No mundo real, perdemos a paciência! Nada mais humano.No entanto, muitas vezes nos sentimos culpados por perdermos a paciência. É como se fosse algo proibido, terrível. Não é. Faz parte da vida, inclusive da de nossos filhos. Criar um mundo artificial onde todos estão sempre de bom humor, com um sorriso beatífico nos lábios, enquanto o Junior roda o gato pelo rabo é a receita para que esses filhos se tornem, provavelmente, adultos com muita dificuldade de adaptação e até de expressar seus sentimentos.  Muitas vezes, essa postura de absoluta serenidade diante do caos, simplesmente é uma dificuldade de dizer não e colocar limites. O que parece tranquilidade é incapacidade.

Se conseguirmos aceitar que perederemos a nossa paciência em algumas ocasiões, talvez consigamos entender (e aceitar) que nossos filhos também perderão a deles. Seja com algum brinquedo, alguma dificuldade, um irmão ou irmã e até mesmo conosco!  O que precisamos avaliar sempre é como nos conduzimos ao perdermos a paciência. Uma coisa é um grito, outra é um ato agressivo. Isso vale tanto para nós, adultos, quanto para nossos filhos. Gritar com brinquedo, é aceitável. Quebrá-lo, não é.  Também devemos avaliar se estamos constantemente impacientes, irritados. Se for o caso, devemos buscar as causas. Às vezes precisamos de um tempo para nós mesmos. Fazer coisas que nos relaxem, incluindo exercícios físicos.  No caso da irritabilidade e impaciência de nossos filhos, se esta for excessiva, devemos avaliar se estão sobrecarregados, sem tempo para simplesmente brincar (sem um objetivo ou meta).

Mas, o que fazer com aquele sentimento estranho, um misto de culpa com vergonha que muitos de nós sentimos, ao perdermos a paciência? Como sempre, não há regras. Talvez o mais importante seja reconhecermos essa reação como normal, humana e seguirmos em frente, sem complicarmos a vida. Se sentirmos que, ao perdermos a paciêcia, fizemos algo que mereça um pedido de desculpas, peçamos. Mesmo que seja para nossos filhos. E nunca devemos esquecer o poder de um bom abraço. Tanto para a nossa impaciência, quanto para a dos nossos filhos. Um abraço forte e carinhoso é uma delícia e, não me perguntem como, é capaz de dar uma guinada no humor de todos.

 

 

6 comentários em “PERDI A PACIÊNCIA!”

    1. Dr. Roberto Cooper

      Simoni,
      Parece escrito para todos nós. Pelo menos, os humanos. Não inclui os super heróis e heroínas!

  1. Boas dicas Dr. Cooper. Quando mais jovem, já perdi a paciência com minhas filhas e sigo me culpando ate hoje. Espero nao perder a paciência com minhas netinhas, acho que avos nao costumam perder a paciência. So far, so good.
    Vovo Laura

    1. Dr. Roberto Cooper

      Prezada Laura,
      Não tenho a menor dúvida de que será mais tolerante com suas netas. A julgar pela Elisa, os episódios de perder a paciência com as filhas não foram assim tão traumáticos. Pode olhar para elas (filhas) e parar de sentir culpa, passando a sentir orgulho.

  2. Olá Dr. Cooper,

    Será que não existe uma pílula para paciência ? Existem para tantas coisas não é mesmo ?

    A alguns dias tenho reparado que a Manuela esta colocando a mão na boca. Mas não é o dedo puro e simplesmente, é a mão inteira, e nas situações mais diversas: comendo ( principalmente), bebendo ( faz uma lamaaaaa), brincando, vendo um filme, andando de carro … Nenhuma situação específica aonde eu pudesse dizer: “ah, ela pode estar com fome ou ah ela pode estar assim ou assado ou o dente está crescendo “. Acredito que tenha aprendido ( visto) na escola, eu presumo, e trouxe para casa e estava ficando e se tornando habito, mereço !!!

    Lá foi a mamãe, paciente, dizer que não podia e explicar O PORQUE, atual fase.

    Bem, foi pedido inúmeras vezes, chamado a atenção, solicitado, dito 1, 2, 3…depois a tal da paciência foi se acabando e eu resolvi dizer a ela que queria provar a mão dela também para ver se era tão gostosa assim, enfim, deu de tudo ! Até que um dia não resisti…dei um tapinha besta na mão dela.

    Aquela bendita noite do famoso “tapinha” foi a tortura. Chorei, não dormi, dramático…me julguei a pior criatura do mundo a noite inteira, me vi um monstro. Fui no quartinho dela e aquele bebe de quase 03 anos dormia como um anjo e eu lá ao lado dela chorando.

    No dia seguinte fui acordada com uma alegria esfuziante…chorei mais ainda. Mas, consegui dar-lhe um forte abraço, milhões de beijos e pedi desculpas pelo meu tapa. Expliquei a ela que a mamãe agiu errado, expliquei o porque do tapa e porque a gente não deve dar tapas. E como crianças são impressionantes e as vezes me parecem que tem mais idade do que realmente tem, tive que ouvir um: “mamãe tudo bem, não chora, a Manu não vai mais colocar a mão na boca tá bom ?”.

    Claro que ela voltou a colocar a mão na boca e agora só em olhar sério para ela, ela tira, ri e ponto final.

    HAJA PACIENCIA !!!

    Bjs

    Bia

    1. Dr. Roberto Cooper

      Bia,
      Haja paciência. Haja, também, uma ocasional impaciência! É o que, às vezes, faz o outro (filha, marido, amigo, mãe), perceber que passou de algum limite. Bom é poder rir, depois. Como você e Manuela fizeram.

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