AVÓS

avós3Quando menos se espera, os filhos crescem e se tornam pais! Entram em cena os avós. Muito se fala e escreve sobre a maternidade, paternidade, o bebê, as diversas fases pelas quais a família passa e pouco ou nada sobre os avós. Neste blog mesmo, nada foi escrito até hoje. Recebi a sugestão de uma leitora para publicar um post sobre como os avós podem ajudar seus filhos e netos. Não é um post fácil, mas como achei a sugestão interessante, compartilho com vocês algumas das ideias que me ocorreram, sobre este tema.

Talvez a coisa mais importante que os avós precisam fazer, desde a gravidez do filho ou da filha, é procurar entender esse novo papel ou lugar que passarão a ocupar. O neto ou neta tem e terá um pai e uma mãe. Caberá a eles toda a responsabilidade pelo bem estar e desenvolvimento do filho. AVÓS NÃO SÃO NEM PAI, NEM MÃE DO BEBÊ. Isso que soa como uma obviedade, não acontece no dia a dia. No intuito de querer o melhor, para todos, e em nome de uma experiência de sucesso, não raro, avós “atropelam” seus filhos com conselhos ou recomendações. O papel de avô e avó lembra aquele momento quando se ensina uma criança a andar de bicicleta e, já sem rodinhas, se solta o selim e aí tudo é com a criança. É torcer para que tudo dê certo e correr para amparar quando acontecer o tombo (e acontece). Esse é o papel dos avós. Assistir de perto, sem interferir, torcendo amorosamente para que tudo dê certo e, correr para ajudar, quando um “tombo” acontecer. Para que os avós tenham esta postura é fundamental que compreendam e aceitem o crescimento e independência real dos filhos. Agora, é a vez deles educarem seus filhos.

O segundo ponto é exatamente sobre a educação dos netos. Os tempos mudam, os filhos não são como seus pais foram, a tecnologia evolui, a escola se modificou. Portanto, a educação não será a mesma que os avós deram para seus filhos. Avós com alguma sabedoria aceitam, ainda que a contragosto, esta realidade e tentam não interferir na educação dos netos.

Avós podem e devem ser um poço de carinho e prazer para seus netos. Como não têm a responsabilidade da educação, podem ser muito menos rígidos, mais afetivos e lúdicos do que foram com seus filhos. Avós devem permanecer vivos na memória de seus netos como lembranças de bons e divertidos momentos. Avós também devem ser transmissores das tradições  e história da família. Devem contar histórias de como eram seus pais (os bisavós), sua infância e como era o mundo quando eram mais jovens. Devem contar histórias de seus filhos (pais do neto ou neta) quando eram pequenos. Crianças, a partir de uma certa idade, acham fascinante ouvir essas histórias. São como contos de fadas, só que reais, falando de gente muito próxima.

Avós devem sentir orgulho de seus netos. Essa é uma função fundamental, um pouco diferente de ser um poço de carinho, mencionado acima. Sentir orgulho é, explicitamente, reconhecer conquistas e feitos dos netos, não necessariamente as que sejam extraordinárias. A auto estima é construída a partir de reconhecimentos de feitos ordinários, porque, os extrordinários, como nome indica, não acontecem toda hora! Como construir uma auto estima em cima de eventos raros? O orgulho falado dos avós é muito importante para essa construção.

Avós apoiam seus filhos nos momentos difíceis pelos quais estes passem como pais. Acolhem as dúvidas e aflições sem assumir uma postura altiva (eu bem que avisei! vocês são teimosos e não fizeram como eu disse!). Ao contrário, revelam que, quando passaram por situações semelhantes, também sentiram insegurança ou medo. Com essa humildade, se aproximam dos filhos, podendo, verdadeiramente, ajudá-los a encontrar seu próprio caminho ou solução.

Finalmente, uma das maiores delícias de ser avô ou avó- quando o neto ou neta já estiver passando dos limites da paciência ou do cansaço (dos avós), basta ligar para os pais e pedir que o peguem!

Gostaria muito de ler comentários dos leitores do blog, contando um pouco da sua experiência de ser avô ou avó ou mesmo comentando o que escrevi. Para encerrar, uma foto que é a síntese do é ser avô ou avó:

20 comentários em “AVÓS”

  1. Giselda Menezes Dantas

    Boa noite Dr. Roberto, tudo bem? Eu não tive a oportunidade de ser neta, perdi cedo demais meus avós, mas sei a importância deles em nossas vidas. Achei legal um trecho que li, que diz, que ” A responsabilidade é realmente dos pais, basta ligar e pronto! Eu ainda não sou avó, porém faço questão de quando for, fazer isso que li. Ligar e mandar as favas a responsabilidade boa de ficar de olho no que já não é minha parte. Deve ser muito bom fazer isso!
    Um abraço e parabéns pela matéria, muito boa.
    Saúde para você e sua família.
    Abraços e Feliz 2013!

    1. Dr. Roberto Cooper

      Giselda,
      Obrigado por seu comentário e votos para 2013. Quando vier a ser avó, não tenho a menor dúvida de que será muito carinhosa. Um 2013 divertido para você e sua família.

  2. Isabel Parente de Mello

    Perfeito o post! E, concordo plenamente ! Curtir os netos com mais permissividade e sem a preocupacao ou responsabilidade de educar eh tudo de bom! Vez por outra ate permitir uma “transgressao” eh uma delicia e muito saudavel!
    Felizmente, a maioria das maes trabalham e sem uma estrutura domestica facil e confiavel como antigamente, acabam tendo que recorrer as avos. Nesse novo cenario o “papel” dos avos mudou. A deliciosa permissividade, a nao preocupacao com limites etc…a nao responsabilidade com educacao nao da para ignorar!
    A velha frase : os pais educam e os avos deseducam , infelizmente, nao se aplica mais nos dias de hoje!
    Mas continua sendo uma maravilha ser avo !

    1. Dr. Roberto Cooper

      Isabel,
      De fato o cenário onde os avós se inserem mudou, com a mulher trabalhando fora de casa e, ao mesmo tempo, a dificuldade crescente de se montar uma estrutura doméstica confiável. Esse é um dos motivos pelos quais as crianças vão para creches ou escolas mais cedo do que seus pais e avós foram, quando eram crianças. Aquelas famílias que podem contar com o apoio dos avós se beneficiam, e muito, desse suporte, cuja qualidade é inquestionável. Claro que, mudando o contexto, muda o papel dos avós. Mas, na essência este ainda é de uma deliciosa permissividade. Mesmo as restrições necessárias, os limites mínimos, são colocados de uma forma absolutamente carinhosa. E, convenhamos , a transgressão é muito mais tolerada. Daí a maravilha que é ser neto e ser avó!
      Obrigado, não só pela sugestão do post, que foi ótima, como pelo comentário muito pertinente.

  3. Luis Roberto Mello

    Dr. Roberto,
    Muito lúcida sua colocação sobre avós; eu os tive, agora sou avô e procuro me espelhar no comportamento de meus avós – com as adaptações que o tempo requer – para lidar com meus netos e creio que consigo fazê-los felizes com a minha presença e participação em suas vidas; dou-lhes liberdades que os pais, por óbvio não dão, já que tem que educá-los, e com isso creio que gero uma cumplicidade bem legal.

    1. Dr. Roberto Cooper

      Luis Roberto,
      Obrigado por seu comentário. Foi uma bela contribuição. Percebo que seus netos têm um avô moderno, adaptado aos novos tempos, mas que mantém o encanto e a magia que o “cargo” sempre teve (e exige!).

  4. Ola Dr. Roberto,

    Ao contrario dos demais comentários, sou A MÃE dos novos tempos e como mencionou, sim, tive dificuldades de encontrar a estrutura segura dentro de casa.
    Tive a sorte grande de proporcionar a minha filha a convivência diária com 04 avós maravilhosos e que inegavelmente fazem TUDO por ela, como eu diria, uma MIMADA, mas educada ( por favor, obrigado, posso ? , com licença e dai vai…), esperta e falante ! ( Esses dias ela me pediu xixi . Não tinha banheiro pois estavámos na rua, então ela me pediu para fazer “xixi de cócoras”, morri de rir com a palavra cócoras, parecia que tinha engolido um dicionário !).
    A Manuela tem as avós muito diferentes, opostas praticamente, mas avôs muito semelhantes. O que é bom porque a limita de certa forma…mas ruim pois ela mostra claramente sua preferencia o que as vezes me faz passar por alguns apuros.
    Incrivelmente bem colocado, concordo quando diz que os avós devem se colocar no lugar de avós.
    Eu tive muitas surpresas boas com a minha mãe , meu braço direito, esquerdo, pernas e orgãos, porém algumas vezes eu me questionava:”poxa mãe, deixa eu fazer do meu jeito…eu sou a mãe”. Como dizem, pata de galinha não mata pinto ! Claro que a sabedoria dela é infinitamente maior que a minha, nem discuto, mas acho que hoje na posição de mãe eu paro para pensar na minha educação e replico tudo aquilo que achei positivo, de bom, de valor ! Valores são muito importantes e devemos sim transmitir desde cedo. Extrai tudo que aprendi nesses anos todos para repassar a minha filha. E sim, existem posturas que eu discordo da educação dos meus pais e tento fazer diferente…e sei que lá no futuro minha filha fará o mesmo, estamos sempre evoluindo não é mesmo ? Nesta questão de educação e valores, não tardiamente mencionado, ainda entra em cena o pai, que possui seus valores e sua educação e que devem ser transmitidos também. Uma salada de coisas que se os avós resolverem entrar em cena dá bug na linha.
    Infelizmente a vida me fez estar distante dos avós. Sinto muito a falta deles e sei que minha filha também.
    Hoje, por conta da mudança, tem sido dificil colocar o ponto nos “is” porque vai dizer não para alguém que raramente ouve não ? E ela, vai correr para os braços de quem quando ouve o não ?
    Então, o que eu poderia dizer aos avós ??? Amem, curtam, vivam muito o momento que deve ser mágico ! Mas a palavrinha não existe e ela sempre pode ser bem colocada, não exagerada, mas dita com sabedoria.

    Um beijo

    Bia

    1. Dr. Roberto Cooper

      Bia,
      Obrigado por seu belo depoimento. Só posso imaginar o quanto a Manuela é uma menina feliz por ter uma família como a que tem. Não digo perfeita, porque não existe perfeição humana. Digo amorosa, que é o que, no final, faz uma enorme diferença. Prover é importante, amar é fundamental. Amar faz com que crianças pequenas engulam dicionários, saboreando como se fosse sorvete!
      Quanto à palavrianha não, avós até que a usam. Só que a entonação e rigor é exatamente aquele que faz com que avós não sejam os pais!

  5. Verdade, dentro da nossa “perfeição” que obviamente não é perfeita, temos uma criança aqui muito segura e amada por todos ! Quanto a famosa palavrinha de “discórdia”, nós pais quem sofremos depois com esses nãos tão doces e sem rigor, hahaha, não posso negar !!! Mas nada que MUITA paciência não resolva.
    Que os avós da Manuela sejam sempre, quando possível, presentes em sua vida !!!
    🙂

    FELIZ NATAL Dr. Cooper

    Bia

  6. Eu, graças ao meu bom Deus, e à minha filosofia de vida, somente quando o meu filho era bem pequeno, até 1 ano e meio dependi por 6 ou 8 meses a ajuda da minha mãe. Porém, não era a criação que idealizei para o Victor. Graças à esses poucos meses, ele até os dias de hoje tem aversão a caroço de feijão. Com 1 ano e meio o coloquei num jardim em tempo integral, no qual ele aprendeu a comer de tudo(exceto o bendito feijão).
    A educação do meu filho, nunca foi responsabilidade da escola, quem sempre educou meu filho fui eu. Nunca permiti que ninguém se metesse, nem os avós e nem muitas vezes os exageros do pai, e ele sempre entendeu muito bem o certo e o errado.
    Acho que ele é um rapaz bom, feliz, educado e responsável.
    Confio na educação que dei, nos valores que passei e nas consequências que exemplifiquei.
    Para mim a escola desempenhou sempre o papel de instruir, de ensinar. Quem educa sou eu, como ele mesmo diz, a “pãe” dele.

    1. Dr. Roberto Cooper

      Edite,
      Muito bom seu depoimento sobre o que cabe aos pais e o que é da escola. Escola informa, quem forma (educa) são os pais. Quanto ao papel dos avós, cada história é uma história. Tem criança que aprende a comer caroço de feijão, com os avós. Não dá para generalizar.

  7. Serei avô dentro de 5 ou 6 meses. Mas ainda não sei como devo agir, pois a imagem de um avô velho, sentado em uma cadeira de balanço com um bebê babando no colo não combina comigo. Gosto mais da ideia de levar o garoto ou a garota, já com 10 anos, para ver animais selvagens na Tanzânia. nômades na Mongólia ou uma festa religiosa em Bali. Mas vou precisar esperar um pouco…

    1. Dr. Roberto Cooper

      Haroldo,
      Relaxa! Sua neta ou neto fará o necessário para que descubra aptidões que não sabia possuir. Mais, vai descobrir emoções novas. O amor pelo neto, sem a responsabilidade que teve como pai, será uma vivência muito rica. Planeje as viagens à Tanzânia, Amazônia, Machu Pichu e Galápagos. Sua neta ou neto irão adorar descobrir esse mundo incrível com o avô querido. Enquanto a idade para essas viagens não vem, deixe que ela ou ele te conduzam por outras viagens. Todas serão muito divertidas. Parabéns ao neo avô!

  8. Jacqueline Ricarte

    Eu adorei a foto e a matéria. Eu ainda não sou avó de verdade, mas me sinto em parte avó porque o meu atual marido já o é. Então, os netos dele agora são também meus netos. E eu me sinto muito feliz quando participo, de alguma forma, da vida deles. É uma delícia!

    1. Dr. Roberto Cooper

      Prezada Jacqueline,
      Ser avó, além do aspecto biológico, é uma função. Pelo visto você desempenha muito bem (e com prazer) essa função. Parabéns!

  9. Dr Roberto tenho 62 anos, meu marido 61 e agora temos nossa primeira neta muito sonhada. Somos avós paternos e minha nora é filha única muito ligada ä mãe, a qual tem 50 anos, nào trabalha fora e claro, curte a menina bem mais.Somos apaixonados por nossa neta, meu marido se torna outra criança perto dela. Mas além de tudo trabalhamos ainda e eu tenho medo de ser uma avó incômoda, o cansaço não permite também que a gente visite várias vezes na semana. Toda vez que queremos ir, ligo, pergunto se nào vào sair,…enfim.Muitas dessas vezes o telefone nào atende e já sei que estão na outra vó ou no mercado. Ai fico angustiada, ansiosa, sinto que para nós sobram apenas as “migalhas”. Isso dói muito .A vida passa,nós envelhecemos e os netos crescem.
    A seu ver, isso é normal? O que podemos fazer? Será que temos expectativa demais? Sei que meu marido também sofre.Espero que possa responder e dar algumas dicas.
    Obrigada.

    1. Dr. Roberto Cooper

      Prezada Francisca,
      Opinar sobre algo tão delicado e complexo, pelo blog, seria superficial ou irresponsável. O que me ocorre sugerir é que converse francamente com o seu filho, expondo a questão como fez para mim. Veja o que ele pensa a respeito e se tem alguma sugestão. E, como avós, não fiquem tão cheio de dedos. Simplesmente se façam presentes. Se der algum problema, seu filho lhe dirá.

  10. Parabéns, gostei do artigo! Sou pai e neste cenário estou tendo dificuldades. O assédio excessivo da Avó materna incomoda e atrapalha, pois raramente eu e mãe conseguimos estar a sós pra curtir nossa nossa filha. Mas espero encontrar uma solução para isso, pois é muito desgastante

    1. Dr. Roberto Cooper

      Prezado Edu,
      Entendo sua situação que é bem delicada. Talvez deva tentar introduzir algum limite e, para isso, pode buscar a cumplicidade do pediatra. Combine e ponha na conta dele as falas mais duras com as avós!

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