A meningite é uma inflamação das membranas que recobrem o cérebro e a medula espinhal, chamadas meninges (ver figuras). Esta inflamação pode, em alguns casos, afetar o próprio cérebro (encefalite). A simples menção da palavra gera apreensão em qualquer mãe ou pai. Isso porque existe um forma de meningite que pode ter uma evolução muito rápida e apresenta alta letalidade. Mas, felizmente, a grande maioria das meningites, quando diagnosticadas a tempo e tratadas adequadamente, podem ser curadas, sem complicações.
O que pode produzir essa inflamação das meninges (meningite)? Qualquer bacteria, virus ou fungo que chegue nas meninges pode produzir uma meningite. Com a alta cobertura vacinal obtida em nosso país, com as vacinas contra o hemófilo, pneumococo e meningococo,reduziram o número de casos de meningites produzidas por bactérias, que são as mais graves. As meningites produzidas por vírus são mais brandas e as por fungos, muito raras.
As bactérias que podem provocar as meningites, se encontram na boca e garganta de adultos e crianças saudáveis. Estes, chamados de portadores sãos, não contrairão, obrigatoriamente a doença. Somente quando a bactéria que se encontra na garganta passa para a corrente sanguínea (sangue) e é levada para as meninges é que ocorre a meningite. Até hoje não sabemos ao certo porque algumas crianças desenvolvem a doença e outras não.
O diagnóstico da meningite, na sua fase inicial, nem sempre é fácil porque se confunde com qualquer resfriado ou gripe: febre, irritabilidade, perda de apetite. Alguns sinais, no entanto, podem chamar a atenção: vômitos, sonolência excessiva, prostração. Em crianças maiores de cinco anos, que já se expressam bem, a dor de cabeça costuma ser uma queixa frequente. Mas, um simples resfriado também pode produzir dor de cabeça. Caso o médico suspeite de meningite, deverá pedir um exame do líquor – líquido que circula entre as meninges. Este líquor é obtido através de um procedimento chamado punção lombar, onde o médico introduz uma agulha entre duas vértebras e colhe uma amostra do líquor. Este líquor é levado para o laboratório, onde é analisado e o resultado ajuda o médico a encaminhar o diagnóstico. Muito pais temem a punção lombar, mas, feito por profissionais experientes, é seguro e fundamental para o diagnóstico de uma meningite.
O tratamento da meningite vai depender da sua causa. Se for uma meningite produzida por vírus, não há tratamento específico, apenas a observação em ambiente hospitalar e medicamentos para os sintomas (dor, vômito, febre etc.). Nos casos de meningites produzidas por bactérias, estão indicados os antibióticos.
O que fazer com as crianças que entraram em contato com um coleguinha que desenvolveu meningite? Nos casos das meningites virais e na maioria das bacterianas, apenas informar o médico e observar a criança será o suficiente. Nos casos de meningite meningocócica, o médico, muito provavelmente, vai receitar um antibiótico para fazer a profilaxia. Isto é, tentar diminuir ou eliminar os eventuais meningococos que estejam “habitando” a garganta da criança. A profilaxia não é uma garantia de que a criança não terá a doença. É uma forma de, não só, diminuir o risco, como também, reduzir a transmissão e interrompendo o contágio da doença.
É sempre importante lembrar que a meningite não está erradicada e um certo número de casos ocorrerá, sem que isso caracterize uma epidemia. Claro que, quando tomamos conhecimento de um ou dois casos, nos assustamos e já pensamos em epidemia. No entanto, o pânico e o boato são geradores de mais insegurança e se propagam com uma velocidade muito maior do que qualquer bactéria! Em caso de dúvida sobre epidemia, converse com o seu médico. Ele estará informado e poderá lhe orientar.
Finalmente, gostaria de lembrar que algumas daquelas vacinas que damos nos nossos bebês, protegem contra meningites bacterianas. Por isso, é fundamental manter as vacinas em dia. E, contra o medo , o pânico e a insegurança, a melhor vacina é a informação correta e confiável. Antes de tomar qualquer atitude, se informe com fontes confiáveis sobre o que está ocorrendo e quais medidas devem ser tomadas, se for o caso.
5 comentários em “MENINGITE”
Boa tarde, Dr. Roberto!
Li a notícia de que, agora em maio, a vacina que protege contra a meningite do tipo B chega às clínicas particulares brasileiras; a BEXSERO (nome comercial), produzida pela GSK e aprovada em janeiro de 2015 pela Anvisa.
Gostaria de saber a sua opinião sobre a segurança dessa vacina (por ser nova) e a efetiva necessidade da sua aplicação.
Tenho um filho de 03 anos e penso em dar essa vacina a ele.
Grata pela atenção.
Sandra
Prezada Sandra,
A vacina contra Meningite tipo B já está aprovada em 37 países. Na Europa seu uso está aprovado a partir de 2 meses de idade. Nos EUA, a partir de 10 anos. O próprio fabricante ressalta o fato de que não protege contra todos os sorotipos B do meningococo. Enquanto não for aprovada pela Anvisa, não será comercializada no Brasil. Na idade do seu filho, já disponível em clínicas, você encontra a ACWY que protege contra esses 4 tipos de meningococo (C é a vacina que fazemos no programa nacional de vacinação). Esta, pode ser dada, em dose única, a partir dos 2 anos.
Tenho vacina contra meningite b atrasada e quero saber se realmente preciso tomá-la e o que difere a b dos outros tipos de meningite.
Rosita,
Existem vários tipos de bactérias chamadas Meningococos, que podem produzir meningite. Este tipos recebem letras como se fossem nomes. Assim o tipo B é um deles. Tomar a vacina contra a meningite B, protege contra este tipo. Quanto a tomar ou não, sugiro que converse com o seu médico, porque o blog não substitui uma consulta.
Obrigada. Me ajudou muito!